Realizaram-se
na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica
Portuguesa – Braga (por videoconferência), no dia 23 de fevereiro
de 2021, as Provas de Doutoramento em Filosofia - Especialização em Filosofia
da Religião do Mestre Marcos Daniel Santos Bazmandegan.
O Candidato
apresentou e defendeu a sua Dissertação intitulada: "A teofania cósmica e a metafísica da luz em Nicolau de Cusa".
O Júri das Provas
foi constituído pelos seguintes membros:
Presidente: Profª Doutora Maria Isabel Andrade Mendes de Vasconcelos (Vice-Reitora da UCP)
Vogais: Prof. Doutor José Francisco Meirinhos - arguente principal (UPorto); Profª. Doutora Alexandra Machado Abranches – arguente (UMinho); Profª. Doutora Filipa Almeida Afonso – arguente (ULisboa); Prof. Doutor
José Rui da Costa Pinto – Orientador (UCP); Prof. Doutor José
Miguel S Dias Costa (UCP); Prof. Doutor
Álvaro Manuel Rodrigues Balsas (UCP).
Resumo da Dissertação: O presente trabalho tem por principal objetivo mostrar a
centralidade da temática da teofania na obra de Nicolau de Cusa (1401-1464) e
apresentar a evolução desta mesma temática ao longo dos seus escritos. Para
tal, procederemos à análise da terminologia utilizada para descrever o processo
teofânico (explicatio dei, theophania ou apparitiodei, apparitio
posse ipsius) e o seu concomitante desenvolvimento a partir da hermenêutica
dos nomes divinos (possest, posse, posse ipsum). Pretende também mostrar
como o pensamento da teofania é aquele que melhor exprime, na filosofia cusana,
a relação entre Deus e as criaturas, bem como o estatuto metafísico da própria criatura.
Para isso, recorre a um exame analítico-cronológico das obras que consideramos mais
pertinentes para o estudo da evolução desta temática, algumas das quais são
muito pouco conhecidas no âmbito nacional: De docta ignorantia (1440), Dequaerendo Deum (1445), De filiatione dei (1445), De dato
patris luminum (1446), Trialogus de possest (1460), De venatione
sapientiae (1463), Compendium (1463), Deapice theoriae
(1464). O pensamento da teofania no Cusano carateriza-se pela sua
originalidade e dinamismo. Num primeiro momento, este pensamento é elaborado a
partir dos conceitos herdados da tradição, particularmente da corrente do
neoplatonismo cristão - Pseudo-Dionísio Areopagita, João Escoto Eriúgena e Thierry
de Chartres -, que faz uso recorrente da metáfora da luz. Num segundo momento,
através do desenvolvimento da metafísica do poder, Nicolau de Cusa vai cunhar
uma terminologia própria e bastante original, capaz de expressar melhor o
dinamismo de todo o seu sistema metafísico. Este trabalho pretende, a partir da
análise das obras acima mencionadas, apresentar este percurso a fim de mostrar
como a relação entre Deus e as criaturas que está implicada no processo criativo
e que configura o próprio estatuto metafísico da criatura pode ser melhor entendida
na obra cusana a partir do conceito de apparitio posse ipsius.