segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Curso de Filosofia participou no Grupo UNIJES – Ética das Profissões 2015

Nos dias 22 e 23 de Janeiro, teve lugar a reunião anual dos coordenadores dos Centros do Grupo UNIJES – Ética das Profissões, estrutura que congrega todas as Instituições de Ensino Superior da Companhia de Jesus em Espanha, a que a Faculdade de Filosofia de Braga está associada. A reunião deste ano decorreu no Campus de Sevilha da nova Universidade da Companhia de Jesus, Universidad Loyola Andaluzia (http://www.uloyola.es/), cuja actividade docente se iniciou há dois anos. Para além do Campus de Sevilha, a Universidade tem um outro em Córdoba.
A Faculdade de Filosofia de Braga participa nestas reuniões desde 2001, tendo sido responsável pela reunião anual de 2004, que decorreu nos dias 28 e 29 de Janeiro. Aproveitando a vinda a Braga de vários especialistas em Ética Empresarial, foi organizado na ocasião um Seminário Luso-Espanhol de Ética Empresarial subordinado ao tema: “Ética como Instrumento de Gestão”, cujas comunicações foram publicadas na Brotéria. Cristianismo e Cultura. 159(2004), fasc. 5.
O Grupo UNIJES – Ética das Profissões (na altura COCESU (Coordinadora de Centros de Ensino Superior de la Companhia de Jesus en Espanha), foi fundado há mais de 15 anos, precisamente porque os responsáveis pelo ensino superior da Companhia de Jesus em Espanha consideraram que a Ética é fundamental na formação formal e informal do ser humano, especificamente na formação que visa a actividade profissional. Ou seja, muito antes de a crise que o mundo atravessa vir à superfície, aqueles responsáveis aperceberam-se de que a Ética é fundamental para o ser humano e organizaram a sua leccionação nas suas instituições de ensino superior. Como diz Adela Cortina num dos seus recentes livros, Para que sirve la Ética? (Barcelona: Paidós, 2013), a ética é fundamental pelo menos por duas razões: porque faz parte da estrutura do seu humano, e porque é inteligente tirar o melhor partido dessa dimensão, uma vez que sem ela não há justiça nem felicidade. Como a autora diz, numa linguagem provocadora: é mais barato ser ético do que não ser; sem confiança, virtude ética, a vida torna-se impossível. E ao olhar para o mundo, tem de se concordar com a grande filósofa espanhola. Ou seja os responsáveis da Companhia de Jesus anteciparam-se na procura de caminhos que evitem as dificuldades que hoje são bem patentes.
Esta consciência levou à decisão de criar unidades curriculares de Ética em todas as licenciaturas, mestrados e doutoramentos ministrados nas Instituições de Ensino Superior da Companhia de Jesus em Espanha, universidades, como Deusto, Comillas e Loyola Andaluzia, e outras instituições de ensino superior, como ESADE (Escuela Superior de Administración y Dirección de Empresas - http://www.esade.edu/web/eng) e IQS (Institut Quimic de Sarrià - http://www.iqs.edu/es/), em Barcelona; INEA (Escuela Técnica de Ingeniería Agrícola - http://www.inea.org/), em Valladolid, entre outras.
O grupo inicialmente trabalhou a formação dos professores de Ética de cada centro (são os professores do chamado Círculo 2; o Círculo 1 é composto pelos coordenadores dos diversos centros) e dos professores das outras unidades curriculares dos diversos cursos, designado Círculo 3, porque não há actividade docente nem unidades curriculares axiologicamente neutras.
Para além desta actividade, o Grupo tem publicado ao longo dos anos vários volumes de ética das profissões. O Primeiro volume da colecção (Ética de las Profesiones. Desclée De Brouwer) tem por título Temas Básicos de Ética e o segundo, Ética General de las Profesiones, de que há uma tradução brasileira. Os restantes volumes tratam da ética de profissões em áreas específicas, como: a ética da responsabilidade empresarial, do trabalho social, de enfermagem, da ajuda humanitária, dos tradutores, das finanças, da economia, da vida pública, do turismo, dos professores, das profissões jurídicas, etc.
No nosso país esta área da ética das profissões tem sido pouco trabalhada e certas instâncias reagem com estranheza às propostas da sua introdução nos Curricula. A razão deste modo de proceder nem sempre é claro. Às vezes parece que esta reacção se deve ao facto de se considerar que a Ética não é ensinável, ou se tem ou não se tem; outras vezes parece que a reacção contra a introdução da Ética nos cursos resulta de se considerar que a ética é uma questão meramente pessoal e, consequentemente, cada um tem a sua. Ora a Ética é o conjunto de valores, princípios e normas que permite a convivência humana, pelo que não é meramente individual, mas tem uma dimensão social, e é indispensável à vida em comum. Isto torna-se particularmente evidente quando nos deparamos com situações de que ela está ausente. Há, contudo, alguns sinais de que pouco a pouco se vai descobrindo a necessidade de incluir nos cursos o ensino da Ética, o que permite acalentar alguma esperança de que a sua leccionação se vá generalizando, para bem de cada um e da sociedade em geral.

José Henrique Silveira de Brito (Representante da FacFil no Grupo UNIJES)

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