O Curso de Filosofia da
Faculdade de Filosofia da UCP - Braga, através do docente Carlos Morais,
participou na 1ª Feira de Oferta Educativa e Formativa da Universidade do
Minho, no Parque de Exposições de Braga, no dia 13 de março de 2015.
Em boa hora a UM e
outras entidades organizaram a referida feira, de grande importância e
oportunidade, desde logo pelo contributo que ela proporcionou a quem tem de
tomar a decisão na escolha do percurso formativo a seguir, como é o caso dos
jovens que pretendem aceder ao ensino superior universitário e politécnico, ou
outro.
Nesta Feira
participaram dezenas de escolas de todos os graus de ensino, bem como outras
instituições dedicadas ao ensino e à formação. Entre elas, também a
Universidade Católica. Eram muitos os visitantes, alunos aos magotes, provenientes de muitos agrupamentos de escolas e que pululavam entre os expositores das
diversas instituições e as distintas iniciativas que decorriam mais ou menos em
simultâneo dentro do Parque, num misto de diversão e curiosidade.
De lamentar, apenas, o
facto de um conjunto de Atividades programadas para o “Espaço Informa(te)”,
entre as quais se encontrava a que tínhamos preparado, não se terem podido
realizar nas melhores condições. De facto, sendo um espaço totalmente aberto,
um ponto de passagem sem nenhuma sinalética que permitisse identificar o local
como espaço de apresentação de propostas e de debate, exposto às ondas sonoras
que cruzavam o pavilhão em todos os sentidos, imediatamente percebemos que não
poderíamos apresentar, naquelas condições, o assunto que havíamos preparado.
Por isso, aqui fica a nossa sugestão para que, numa próxima edição da Feira, os
responsáveis insiram tais Atividades no outro espaço existente, o “Espaço
Auditório”, este sim, um espaço mais reservado e para o qual os interessados se
dirigem já com um outro registo, e numa atitude mental muito diferente.
De qualquer modo, a
apresentação que pretendíamos expor e constituir em momento de diálogo, versava
a relação entre dois domínios aparentemente pertencentes a realidades bem
longínquas uma da outra: a Filosofia e o Design. Mais precisamente, pretendíamos
evidenciar o que no Design se constitui como problema filosófico, e por outro
lado, em que consiste e para que serve um olhar filosófico sobre o Design. Um
assunto atual, pertinente, que ocupa já um bom número de publicações editadas
entre nós, e que mostraria certamente a singularidade e a “mais-valia” de uma
formação em Design num ambiente filosófico, como é o Curso de Design existente na Faculdade de Filosofia de Braga. Um
caso único em Portugal.
Para quem se interesse
por este assunto, aqui fica o esquema que havíamos preparado para a nossa
exposição:
1. O design como ponto de convergência de
realidades múltiplas:
Técnica,
Economia, Social, Ética, Política, Estética, Antropológica, Epistemológica, Cultural,
Histórica.
2. O design
requer uma análise e compreensão global
3. A Filosofia: lugar da interceção e entrecruzamento
Interdisciplinaridade
- Horizonte de “totalidade” - Radicalidade de questionamento além do “já dado” -
Perspetiva crítica de um questionar permanente
4. Finalidade de uma filosofia do design:
Construção
de uma síntese coerente – Articulação de todos os ângulos do objeto/problema
que é o design
5. A questão da “natureza” do design (o que é o
design? O que o constitui? Que estatuto? Que “identidade”?)
Uma
atividade - Um valor - Uma poiésis/criação - Uma fruição/experiência - Uma arte
- Um consumo - Uma técnica - Um desejo - Um projeto - Uma mercadoria
6. A questão da(s) linguagem(s) do design:
A
tecnicidade - A funcionalidade - A denotação - A conotação - A linguagem
“estética”: um espaço-tempo plástico e global - Símbolos e metáforas.
7. Questão ética
O que
se produz no design; Por que é que se produz o que se produz; Para quem se
produz; Quem produz; Que impacto (na sociedade, no ambiente, no indivíduo…)
8. Questão estética
O esteticidade
da técnica; A dimensão artística do design; A experiência estética do design; A
beleza do design.
9. Questão cultural e política
O
design como catalisador do “capitalismo estético”; Os perigos da estetização
generalizada; Que “divindade” serve o design?
10. Moral da história
O
designer e o sentido da sua atividade.
O
“consumidor” e a atitude esclarecida e crítica perante o sistema da produção.
Citação de
referência:
Gilles Lipovetsky e Jean Serroy:
«O
estilo, a beleza, a mobilização dos gostos e das sensibilidades impõem-se cada
vez mais como imperativos estratégicos das marcas: é um modo de produção
estética que define o capitalismo do hiperconsumo. Nas indústrias do consumo, o
design, a moda, a publicidade, a decoração, o cinema, o show business criam em massa produtos plenos de sedução,
veiculam afetos e sensibilidade, construindo um universo estético prolífico e
heterogéneo pelo ecletismo dos estilos que se desenvolvem». (O capitalismo estético na era da
globalização, p.16)
Texto publicado no Jornal "Diário do Minho", 06 de maio de 2015
Carlos Morais
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